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Data

04.11.2022 9:00 am - 31.12.2022 5:00 pm

Feiras e Cavalos - pela lente de Carlos Relvas

Uncategorised

Descrição

Feiras e cavalos
pela Lente de Carlos Relvas
fotografias 1870-1890

 

Perde-se no tempo a primeira das feiras na Golegã. Terá ficado a dever-se à elevada troca de montadas que por aqui acontecia, por todos os que percorriam a estrada real que ligava a capital do reino ao norte, e que no tempo e espaço fomentou o crescimento do lugar. Mas também o será, associada ao hábito de levar anualmente o gado a ser benzido pelos monges franciscanos do Mosteiro de Santo Onofre, situado na direção do lugar de São Caetano. Era aos monges a quem a população recorria durante todo o ano para tratar as maleitas de que o gado padecia.
Inicialmente seria conhecida por Feira de São Francisco, como que apadrinhada pelos Monges e por ter lugar a 4 de outubro, dia dedicado a este santo. O patrono fê-la coincidir parcialmente com a de Penela, e crescendo esta em dimensão e renome, foi pedida a intervenção real para que tal não sucedesse. Por decreto de D. Sebastião, passa em 1571, a Feira da Golegã a realizar-se a 11 de novembro, dia de São Martinho, ficando definitivamente ligada ao culto deste santo e chegando mesmo, na maioria dos casos a beneficiar de um breve período de temperaturas amenas e dias soalheiros, que por costume perdido no tempo conhecemos como Verão de São Martinho.
Todo o tipo de produtos agrícolas e mercadorias eram por aqui trocados. Mas, foi devido ao gado, em especial o equino, que a feira de São Martinho atraiu muitos forasteiros, cujo número foi paulatinamente aumentando, contribuindo para a projeção da sua importância e dimensão, a nível nacional, como internacional.
Tal como hoje, no século XIX, era nesta ocasião que a vila se engalanava e os seus habitantes, mantendo ainda esse hábito, abriam as portas de suas casas, acolhendo de forma hospitaleira os forasteiros. Diversas atividades como desportos equestres, touradas e picarias, o jogo do pau, petiscadas com os amigos e família, e claro o desfile dos melhores exemplares deste majestoso animal, devidamente ajaezados, quer para venda ou mesmo apenas para gaudio dos visitantes, tornaram-se nas principais atividades do evento.
A Feira atravessou períodos prósperos, como também alguns menos, ressurgindo renovada e modernizada, mantendo ainda assim o seu traço identitário indelével, o tradicionalismo revivalista, muito associado ao caráter das gentes da Golegã.
Carlos Relvas deixou-nos testemunhos destas vivências da Feira de São Martinho, do segundo quartel do século XIX, e que estão representadas nesta exposição de fotografias da sua autoria.